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Quarta-feira, 01 de setembro de 2021

Evento de lançamento foi realizado na sexta-feira, 27, em audiência da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia

O lançamento da Conferência Estadual Popular de Educação (CONEPE) 2021 foi realizado na sexta-feira, 27, durante Audiência Pública da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. A atividade representa a etapa no Estado da Conferência Nacional Popular de Educação (CONAPE 2022).

A diretora de Comunicação da ADUFRGS-Sindical, professora Sônia Mara Ogiba, é membro da Comissão Executiva Nacional da CONAPE 2022/Fórum Nacional Popular de Educação (FNPE), pelo PROIFES-Federação, e integra, em nome do Sindicato, a coordenação colegiada do Rio Grande do Sul-CONAPE Estadual em nome do sindicato e da coordenação colegiada. Sônia fez a abertura do evento, dando as boas-vindas aos participantes da audiência pública  logo após a recepção da deputada estadual Sofia Cavedon.

A deputada estadual Sofia Cavedon (acima, à esquerda) foi uma das convidadas.

A deputada estadual Sofia Cavedon (acima, à esquerda).

Sônia Ogiba, ao nominar as entidades participantes da coordenação colegiada, também relatou a aprovação da Carta de Princípios para instalação do Fórum Estadual Popular de Educação (FEPE/RS) (leia mais abaixo), mencionando o grande desafio que o estado terá pela frente. 

“A Conferência  Nacional de Educação Popular de 2022 tem esse grande desafio, além dos que já tínhamos na CONAPE de 2018, que é a reconstrução do país e o da refundação de um estado de direito democrático. É para isso que estamos nos organizando, no estado, para darmos conta, de forma coletiva, desse desafio”, afirmou a professora.

A deputada federal Maria do Rosário (ao centro e abaixo) foi uma das convidadas.

A deputada federal Maria do Rosário (ao centro e abaixo) foi uma das convidadas.

A deputada federal Maria do Rosário abordou o cenário de imposição, por parte do governo federal, de reitores não escolhidos por suas comunidades acadêmicas. “Nós vivemos num processo não democrático no Brasil, em que há uma intervenção na UFRGS, nos institutos federais, quando há uma destruição das conquistas obtidas com a Constituição Federal de 1988”, condenou a deputada. 

Maria do Rosário também alertou para a ideologia nas escolas militares. “Me incomoda quando vejo as escolas militarizadas, porque o militarismo é uma ideologia no Brasil”, refletiu.

Em seguida, a deputada estadual Sofia Cavedon falou sobre o educador pernambucano Paulo Freire, que é homenageado na CONAPE de 2002 e completaria 100 anos em setembro próximo. “O sonho de Paulo Freire, em 100 anos, nos convoca a problematizar, a pensar, a sermos sujeitos da nossa prática. Alfabetizar-se é biografar-se, conhecer a história como autor da história. O professor convidava a pensar que história [o professor] fazia ao dar aula, que homens e mulheres pensava produzir”, lembrou a deputada. 

Paulo Freire, recordou a deputada Sofia, “ensinava a não permitir alienação, muito menos a impor a sua ideia, a sua versão do mundo aos estudantes”.

O professor Miguel Arroyo durante sua fala como convidado.

O professor Miguel Arroyo durante sua fala como convidado.

A seguir, também convidado para o evento, o professor Miguel Arroyo, professor titular-emérito da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (FAE/UFMG), falou sobre o que significa o “popular”. “Isso me lembra o que escuto com muita frequência nos movimentos populares, em especial no Movimento Sem-Terra, sobre soberania popular, que é diferente da soberania dos padrões do poder. Será que essa palavra ‘popular’ não nos obriga a pensar um outro padrão, um outro paradigma de luta pelos direitos, e direito à educação? A um outro padrão até de conferência nacional de lutas pelas garantias dos direitos”, provocou. “O padrão histórico era esperar do estado direitos e reconhecimento dos diferentes sujeitos”, comentou. “Defendamos políticas de direitos, de inclusão, de educação, que sejam incluídos nos planos e diretrizes curriculares”, complementou.

Para Arroyo, “os oprimidos são sujeitos de pedagogias, de educação, de conhecimentos, de lutas, de resistências, por humanização. Temos que aprender com os oprimidos”. “Se há oprimidos que lutam por uma conferência popular, é porque eles resistem a conferências nacionais de opressão, e devemos reconhecê-los como sujeitos”, afirmou o professor.

O professor Miguel falou sobre as formas de avançar e cooperar no que diz respeito à educação. “Queria lembrar que as formas de avançar, no meu entender, cooperar, é não perder as memórias, não só dos nossos planos nacionais [de educação], diretrizes curriculares, mas também as memórias gloriosas ou inglórias de tantas lutas, dos [sujeitos] sem direito, por direitos”, disse Arroyo.

Arroyo diz ainda que há uma “história ocultada, uma história não contada de outra educação e de outros sujeitos”. “Os sujeitos resistentes, e resistindo, oprimidos, afirmando-se sujeitos de educação”, destacou o professor, acrescentando que há outros sujeitos que a Conferência Nacional Popular deve desocultar. 

A professora Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, professora emérita da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) e Cavaleira da Ordem Nacional do Mérito, também foi convidada para se pronunciar no evento, mas por problemas de conexão não conseguiu fazer sua fala na ocasião.

Após as falas dos convidados, manifestaram-se representantes de mais de 20 entidades participantes da coordenação colegiada do Rio Grande do Sul-CONAPE Estadual.

No encerramento, a professora Sônia Ogiba agradeceu a acolhida na Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, e falou sobre a data prevista para a realização da Conferência Estadual Popular de Educação (CONEPE) 2021 para ocorrer entre final de outubro e início de novembro deste ano. “É possível que a conferência possa ser presencial, ou híbrida”, informou. 

A professora Sônia também agradeceu a participação da coordenação colegiada da CONEPE RS, que segue “o sonho da esperança Freiriana de construir outro mundo, um mundo melhor”. 

Assista aqui o vídeo completo do lançamento.

Carta de Princípios do Fórum Estadual Popular de Educação 

No dia 23 de junho deste ano, durante reunião do Grupo de Mobilização no estado para a Conferência Nacional Popular de Educação de 2022, foi apresentada ao grupo a Carta de Princípios para instalação do Fórum Estadual Popular de Educação (FEPE/RS), seguindo as orientações para os estados e municípios apresentadas pelo Fórum Nacional Popular de Educação (FNPE). O FEPE/RS reúne diversas entidades, instituições, movimentos sociais e estudantis, entre outras, pautando-se por princípios da democracia representativa e participativa. Confira aqui o documento. 

CONAPE 2022

A Conferência Nacional Popular de Educação (CONAPE) acontece entre 10 e 12 de junho de 2022 em Natal, no Rio Grande do Norte.

O tema da Conferência é “Reconstruir o país: a retomada do Estado democrático de direito e a defesa da educação pública e popular, com gestão pública, gratuita, democrática, laica, inclusiva e de qualidade social para todos/as”.

A Conferência de 2022 homenageia, ainda, o educador pernambucano Paulo Freire, em seu centenário (1921-2021), com o lema “Educação pública e popular se constrói com Democracia e Participação Social: nenhum direito a menos e em defesa do legado de Paulo Freire”. Acesse aqui o caderno virtual da CONAPE 2022.

Confira também:

CONAPE 2022

https://fnpe.com.br/conape2022   

Centenário Paulo Freire FNPE 

https://fnpe.com.br/centenariopaulofreire    

Canal CONEPE-RS 2021

https://www.youtube.com/CONEPERS2021 

Selo-CONEPE-e-CONAPE-250x250

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